quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Tudo começa...

...quando, por motivos particulares, relutando em comprar, porém sugerindo-o para receber de presente (e ganhando-o, por óbvio), começo a ler “O livro amarelo do terminal”, da jornalista, escritora e tradutora Vanessa Barbara. O livro é uma, digamos, “gonzação” sobre o terminal rodoviário do Tietê, em São Paulo (o maior da America Latina). Antes de ultrapassar o primeiro terço do livro, em minha cabeça já fervilha algo se passando dentro de uma rodoviária. A escolhida, por razões práticas, é a Rodoviária de Porto Alegre (incontavelmente menor e infinitamente mais limpa que a descrita pela caríssima senhora Barbara).

Tenho, também, uma outra motivação para iniciar o que irei “meiquinhofar” aqui, no presente blog (mas esta é uma outra história – envolvendo energias extra-terrenas e um presente vindo do além).


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Bem, fato é que, após ter iniciado a leitura de “O livro amarelo do terminal”, no dia 24 de novembro de 2008, uma segunda-feira, quente qual forno em atividade, no dia seguinte lá estou eu, bermuda e camiseta, sentado a uma mesa na praça de alimentação do hipermercado Bourbon Ipiranga, aproveitando o excelente ar-condicionado, surdo para o mundo – preferindo Norah Jones (Not too late) em meu mp4. Abro minha antecipada agenda 2009 (Tilibra) de capa em couro preto, rasgo a embalagem de uma caneta Bic Z4 Roller Black 0,7mm – tinta preta, por óbvio –, recém comprada no interior do mercado especialmente para tanto, e ponho-me a escrever como há muito não fazia – direto no papel.

A idéia inicial é apenas traçar os planos, plantas, mapas e proposições do livro, para só depois, no interior da rodoviária, dar início à história. Mas não é o que ocorre.

Quando encosto a ponta 0,7 da Bic na folha referente ao dia 20 de janeiro de 2009, uma terça-feira (escolhida aleatoriamente), a história de Hector começa a ser escrita (o nome surge na hora também) de forma automática; sem voltar atrás para reler ou rasurar ou acrescentar um sinal de pontuação ou ajeitar as idéias. E o centro de compras com suas gentes circulando, falando, rindo, escolhendo, pedindo, comendo, bebendo, pagando e se indo, transforma-se em uma rodoviária em que Hector aporta para nunca mais sair.

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