quinta-feira, 15 de março de 2012

Quadragésimo oitavo dia

Quando eu era criança, pensava que o mundo era muito pequeno, e que sendo astronauta eu poderia dominá-lo. Na adolescência o mundo foi ficando maior e eu me perdia todo santo dia. Quando me tornei adulto parei de usar cadernos com pautas.

Minha consciência agora escorre pelo papel e me leva para dentro de mim outra vez. Enquanto escuto Neil Young, minha alma retorna ao ponto crucial. O ponto onde um dia tudo se perdeu. E a chuva me faz lembrar de como eu era. E me faz estranhar o que me tornei.

Feito uma aranha, subo vago pelas paredes e não encontro nada que me mantenha no lugar. Uma caneta arranhando papel para toda a vida: é isso o que sou. E perco-me sempre que me acho.

Aprender é não estar nem aí, estando só; para o que interessa. E uma vida é descobrir o que realmente importa. Pode estar longe, muito longe, mas não há problema. Buscar e buscar e buscar é o meu lema.

sábado, 10 de março de 2012

Quadragésimo terceiro dia

A velha estratégia de postar todo dia aqui, feito um diário de bordo, não me é mais possível. Darei notícias quando pensar ser oportuno.

Bem, estou envolvido agora com uma personagem chamada Jessica que apareceu para mim muito de repente, muito do nada, e tomou corpo rapidamente nos últimos dias. Jessica é do tipo camaleônica e levará o nosso herói, Hector, para lugares longínquos e inusitados com falsas promessas. Jessica tem, de fato, um único objetivo: a vingança.

Falarei mais sobre ela.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Quadragésimo segundo dia

Sempre odiei essa coisa toda das convenções; tanto as religiosas, como as pagãs. E as ligadas aos negócios, idem. Talvez por isso eu nunca tenha me dado bem na vida. Financeiramente falando, é claro. Porque dar-se bem na vida é uma questão muitíssimo mais ampla. Só o fato de estar vivo e inteiro já é se dar bem.

Mas gostaria de ser um mosquito para descobrir o que pensam a meu respeito. Será que eu seria mais feliz por isso?! Talvez não. A verdade pode ser mais dolorosa do que se imagina. Mas penso também que não saber por onde andar pode ser tão, ou mais, doloroso do que a verdade. Existem pessoas que nascem com o dom de fazer o que todos esperam delas. E existem aquelas que não dão a mínima. E existem as que se importam, mas não têm o dom. Aí reside o problema.

Me pergunto se Hector seria um desses (e se estou realmente falando sobre Hector agora).

domingo, 4 de março de 2012

Hector, o Retorno

Bem, de volta, pois!


É, quatro anos se passaram e Hector ficou no aguardo. Houve ocasiões em que imaginei tê-lo perdido. Acreditei-o morto, sim: dia a dia; neuroses; novos projetos; correria; café da manhã, almoço e jantar; contas a pagar; essas coisas.

Estou a poucas semanas (ou talvez dias) de lançar um outro livro. Desta vez um de contos. Contos escritos há muito tempo e há pouco tempo também. Tudo misturado. Escrito, ilustrado e desenhado por mim. Vai sair pela BIFE editorial – estúdio de criação. O livro será comercializado apenas pela internet (embora não em formato e-book). Desenvolvi toda uma estética não bem literária para a edição. O livro terá o formato brochura, 10X14,5cm, 32 páginas, 16 contos e algumas ilustrações. O título, por enquanto, guardo em segredo. Falta-me ainda a capa e a opinião dos amigos para possíveis retoques finais. Ah, e agora não mais sob o heterônimo Lehgau-Z Qarvalho, que acaba de falecer. Sim, quatro anos são um bocado de tempo. E em um bocado de tempo, muita coisa muda. Ou deveria mudar.

E Hector já me bate à porta de novo, desde janeiro deste ano. Li muito a respeito de escrita durante o meu último período de “férias”, e comecei a formatar a história de maneira um tanto diferente desta vez. E agora já posso sentir os novos ventos fazendo ela decolar novamente.