quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Décimo quinto dia - 09 de dezembro de 2008

Passo o dia sem conseguir escrever nada. Faz muito calor. Não consigo sair de casa. Sinto um enjôo de mim mesmo; extensivo a toda a raça humana. Mas, ao mesmo tempo, em momentos esparsos ao longo do dia, sinto o peito formigar (sinal já conhecido e identificável de que sentimentos/idéias estão se formando). Permaneço sentado em frente ao laptop esperando que algo aconteça. A tarde se esvai.

Ao anoitecer sou forçado a ir a uma farmácia em busca de um
antiácido. Meu estômago dói e minha mente queima. Minha alma indolente carrega-me a contragosto para a rua.

Saio da drogaria mascando o paliativo e sinto meu peito entrar em transe outra vez. Ainda nas dependências do posto de combustíveis, na esquina das avenidas
Ipiranga com Erico Verissimo, entro na loja de conveniências ao lado da farmácia. Peço um pingado (café com leite em xícara pequena), acomodo-me a uma mesa, puxo o livro preto, destampo a Bic e deixo Hector fluir.

Com os ouvidos travados pelas cápsulas auriculares que espirram sons diversos em forma de música e poesia, escrevo ininterrupto e sem
planejamento por mais de uma hora, não deixando de observar o movimento ao meu entorno; sugando cada partícula, dentro e fora do imenso aquário em que me encontro (a frente da loja de conveniências é toda de vidro transparente).

Ao final, um capítulo inteiro, fechado e
satisfatório se apresenta nas folhas pautadas. Solto um suspiro largo. Olho para o lado, uma atendente da loja sorri para mim.

Lá fora, o asfalto molhado
reflete as luzes de natal.

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