terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Trigésimo sexto dia - 30 de dezembro de 2008

Mudança de endereço (Parte VII - O final).





Ps: Hector sentiria vergonha dos conterrâneos; pensaria em se mudar para Ogle-TR-56b, talvez.

Trigésimo quinto dia - 29 de dezembro de 2008

Mudança de endereço (Parte VI - O genocídio).

Trigésimo quarto dia - 28 de dezembro de 2008

Mudança de endereço (Parte V - A reação).

Trigésimo terceiro dia - 27 de dezembro de 2008

Mudança de endereço (Parte IV - A queda).

Trigésimo segundo dia - 26 de dezembro de 2008

Mudança de endereço (Parte III - O martírio).

Trigésimo primeiro dia - 25 de dezembro de 2008

Mudança de endereço (Parte II - A seqüência).

Trigésimo dia - 24 de dezembro de 2008

Mudança de endereço (Parte I - O início).

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Vigésimo nono dia - 23 de dezembro de 2008

Vida entre picaretas: fica difícil ancorar.

Vigésimo oitavo dia - 22 de dezembro de 2008

Calor, muito calor; proximidade com o natal; mudança de casa e "etceteras" e tal. Hector a espreitar; de longe que é para não contaminar.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Vigésimo sétimo dia - 21 de dezembro de 2008

"O tempo certo é aquele em que as coisas acontecem."

domingo, 21 de dezembro de 2008

Vigésimo sexto dia - 20 de dezembro de 2008

"Das colinas
Lá do Douro
Se avista o mar
Se escuta o rio chorar
Se avista o mar
E o prata da lua a chegar

Lá de cima
Lá do morro
O rio é mar
E a terra ciranda a rodar
O rio é mar
E a pressa começa a esperar

Água tinta pra sede
Pra essa sede matar
Balançar nessa rede
Só pro tempo pescar"


Pierre Aderne

Vigésimo quinto dia - 19 de dezembro de 2008

"Quando você começa a se curar por dentro, altera o seu sistema imunológico."

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Vigésimo quarto dia - 18 de dezembro de 2008

Resolvo reler o material ainda outra vez para ter certeza. Escolho um pequeno trecho para postar aqui:

"Alguns
ônibus partem direto. Outros, fazem pequenas escalas, breves paradas; cuspindo e engolindo gentes, defecando malas. Respirando fumaça; queimando intenções; excursionando etapas. Esculpindo fados no asfalto negro. Distribuindo ciclos com o giro dos motores; pneus, rodas, amores. Alguns ônibus partem direto. E são rápidos e ágeis qual grandes incisões no tecido da ordem das coisas. Outros cometem escalas. Onde olhares se cruzam, vozes se encontram; mínimas possibilidades; pequenas aventuras; grandes linhas de tempo. Destinos em movimento."

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Vigésimo terceiro dia - 17 de dezembro de 2008

Digito o que escrevi durante a última tarde na estação rodoviária e tenho uma agradável e intrigante surpresa: de tudo que escrevi por lá, sem deter-me em detalhes, só deixando fluir os sentimentos e as impressões retiradas do local, deixando que minha mão esquerda deslizasse pelas páginas pautadas do livro preto, de páginas e páginas de texto direto, nada, em absoluto, precisou ser mudado; nada foi adicionado, subtraído ou retocado. Estava pronto. Foi só digitar tal e qual.

Permaneço
estupefato porque isso nunca havia me acontecido.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Vigésimo segundo dia - 16 de dezembro de 2008

Mando todos os outros compromissos para o inferno e passo a tarde na estação rodoviária. O cheiro da queima de combustíveis, da fritura dos pasteis e o ruído dos motores é quase insuportável. Ainda assim, escrevo bastante e com satisfação. Os sentimentos fluem com facilidade, misturados aos passageiros e minhas suposições a respeito deles. Olho-os e penso o que quero. São fontes inesgotáveis de inspiração. Seus jeitos, trejeitos, formatos e atitudes. Chego muito próximo de me "reapaixonar" pela humanidade.

Sigo escrevendo sem parar em meu livro preto até quase o anoitecer. Saio de lá e vou direto para uma festa; onde os aromas são brandos, o espumante é farto e o ruído é outro: boa música instrumental de uma banda ao vivo chamada Versão Brasileira. Escalas múltiplas de uma guitarra semi acústica; um contra-baixo elétrico de seis cordas, uma bateria e um sax. Depois: discotecagem aos cuidados do, então, DJ Roger Lerina, com destaque para os oitenta. Danço até o início da madrugada. O livro preto ali, a guardar futuros em forma de passados em linguagem presente; meus pés cansados; minha alma em bálsamo; Hector a me acompanhar.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

domingo, 14 de dezembro de 2008

sábado, 13 de dezembro de 2008

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Décimo sétimo dia - 11 de dezembro de 2008

Resolvo, entre um compromisso e outro, digitar e postar o que escrevi na loja de conveniências do posto de abastecimento de combustíveis:


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...Pensava estar em um aquário. Protegido do mundo, mas dependente de um ser que se propusesse a salvar sua vida todos os dias. Alimento e calor. E se ela não viesse? Não o alimentasse? Não aparecesse mais? E teria sempre de admiti-lo. E admiti-la em sua vida. E ser um eterno agradecido.

Os carros passavam lá fora como anjos disfarçados iluminando a noite. E pequenos
demônios a dirigi-los; a envia-los para onde quer que fossem. E havia luzes de natal sendo derramadas dos prédios. E havia música em seus ouvidos. Só, em seus ouvidos. A vida já era um filme; com uma trama toda preparada para a ação, mas onde nada acontecia.

As portas
transparentes se abriam e fechavam em movimentos automáticos à medida que os seres chegavam ou se iam. Alguns atravessavam a matéria sem perceber. E a música era a mesma em várias versões. Dezessete ao todo. Vozes roucas, berradas, límpidas ou agudas. Cada qual com seu estado de espírito. O sinal fechava e abria em vermelhos e verdes para a passagem dos anjos e seus demônios. Dali dava para ver o cruzamento de duas grandes avenidas. Iniciava-se uma chuva leve.

“Está tudo acabado agora, triste amor...”, despertava
Hector para atirá-lo outra vez para dentro de seu sonho forasteiro. Conforme a chuva aumentava de intensidade, a vida ficava mais rápida e Hector retrocedia no tempo. Ela jamais apareceria; ele sabia. Seria possível até que jamais tivesse existido ao exterior da sua mente.

O chão fora do aquário, então totalmente molhado,
refletia o breu celeste; e algumas outras luzes aquarelavam o asfalto da pista e o cimento das calçadas. Lá fora havia cheiro de combustível e barulhos em excesso; e uma faixa de segurança por onde ninguém trafegava. Lá fora estaria ela. Desprovida de um rosto; cerceada pelas circunstâncias; destituída de poesia; desapropriada de ser quem ele queria que ela fosse.

Então tudo era tempestade. Lá fora pouco se enxergava. O aquário era seguro. “E não tem mais nada agora, meu amor”.

Lá fora o tempo corria encharcado e regular como a vida em seu bailado habitual. Lá fora as coisas aconteciam, como acontecem, a seu tempo. O aquário é seco; e seguro. Lá fora estão os peixes anjos
demônios. Aqui dentro um homem, só, olhando pela janela. Lá fora estaria ela.

Décimo sexto dia - 10 de dezembro de 2008

Necas.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Décimo quinto dia - 09 de dezembro de 2008

Passo o dia sem conseguir escrever nada. Faz muito calor. Não consigo sair de casa. Sinto um enjôo de mim mesmo; extensivo a toda a raça humana. Mas, ao mesmo tempo, em momentos esparsos ao longo do dia, sinto o peito formigar (sinal já conhecido e identificável de que sentimentos/idéias estão se formando). Permaneço sentado em frente ao laptop esperando que algo aconteça. A tarde se esvai.

Ao anoitecer sou forçado a ir a uma farmácia em busca de um
antiácido. Meu estômago dói e minha mente queima. Minha alma indolente carrega-me a contragosto para a rua.

Saio da drogaria mascando o paliativo e sinto meu peito entrar em transe outra vez. Ainda nas dependências do posto de combustíveis, na esquina das avenidas
Ipiranga com Erico Verissimo, entro na loja de conveniências ao lado da farmácia. Peço um pingado (café com leite em xícara pequena), acomodo-me a uma mesa, puxo o livro preto, destampo a Bic e deixo Hector fluir.

Com os ouvidos travados pelas cápsulas auriculares que espirram sons diversos em forma de música e poesia, escrevo ininterrupto e sem
planejamento por mais de uma hora, não deixando de observar o movimento ao meu entorno; sugando cada partícula, dentro e fora do imenso aquário em que me encontro (a frente da loja de conveniências é toda de vidro transparente).

Ao final, um capítulo inteiro, fechado e
satisfatório se apresenta nas folhas pautadas. Solto um suspiro largo. Olho para o lado, uma atendente da loja sorri para mim.

Lá fora, o asfalto molhado
reflete as luzes de natal.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Décimo terceiro dia - 07 de dezembro de 2008

Tento esquecer que escrevo. Deveria tirar o dia para descansar. Encontro pessoas, dou boas risadas, confraternizo. Mas Hector está comigo; como um sentimento de paranóia em tempo integral. Confesso que, ao contrário da patologia, não é de todo ruim o estado. Hector se faz presente em todas as coisa e situações, tornando-se possível a partir até dos mais leves nadas.

Só não carrego o livro preto. Mantenho-me apenas
impregnado de sabores literários, respirando mundo.

Encerro o dia com
dezessete belas versões, em seqüência, de It's All Over Now, Baby Blue, em meu mp4.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Décimo segundo dia - 06 de dezembro de 2008

Não vou até a rodoviária. Mas escrevo coisas soltas a respeito de Hector em um café (Applause, em frente ao Cine Guion Center, no shopping Nova Olaria), na companhia de duas das minhas brilhantes alunas. Elas escrevem envolvidas com os exercícios que combinamos. A tarde é quente, porém recebemos inspiradores sopros de brisa macia, vez por outra. Sim, Hector movimenta-se por entre cinéfilos, aspirantes e cafeinólatras em uma tarde com lua.

Décimo primeiro dia - 05 de dezembro de 2008

Só penso. Mas pensar não é escrever.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Décimo dia - 04 de dezembro de 2008

Passo o dia digitando o material escrito no caderno preto, e já vou trabalhando melhor os detalhes (mais subtraindo do que acrescentando coisas). A história vai tomando forma.

Após concluir esta postagem, saio mais uma vez em direção a Estação Rodoviária Central de Porto Alegre. Jantarei por lá. Preciso sentir o clima à noite.

Nono dia - 03 de dezembro de 2008

Hoje fui levado ao adiável, porém inevitável encontro com um dos ícones alimentícios de qualquer estação de embarque e desembarque de ônibus (ao menos no Brasil e na China): o estomacal e intestinalmente famoso, pastel de rodoviária. Precisava sentir o clima.

Comunico que passo bem.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Oitavo dia - 02 de dezembro de 2008

Acabo de almoçar peito de frango na chapa com molho de mostarda e mel (dica - um tanto quanto modificada por mim, o original era em cima de uma pizza - do meu amigo e parceiro no crime, rEgEs sChWaAb), "Salada Crocante Sombrero" e fatias de ricota fresca com ervas finas cobertas com óleo de oliva.

Logo mais sairei de casa para ir em
direção à rodoviária. Pretendo passar a tarde lá, dando continuidade às façanhas de Hector. O almoço foi proposital, para entrar no clima da rodoviária: local agridoce por demais.

Chegarei por lá, caminharei um pouco, bem devagar, de canto a canto; beberei café; sentar-me-ei para escrever e comprarei outro chapéu.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Sétimo dia - 01 de dezembro de 2008

Nada again...

domingo, 30 de novembro de 2008

Sexto dia - 30 de novembro de 2008

Nada faço outra vez.

sábado, 29 de novembro de 2008

Quinto dia - 29 de novembro de 2008

Após dormir profundo por quase três horas durante a abafada tarde, desperto e inicio a transcrição do material escrito até agora, para dentro do não-espaço.

Quarto dia - 28 de novembro de 2008

Não faço nada.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Terceiro dia - 27 de novembro de 2008

Fico em casa esquematizando este blog e tendo idéias mirabolantes em movimentos circulares a 360 Km por segundo. Lá pela metade da tarde, desabo no sofá da sala e durmo profundo até as 18 horas.

Segundo dia – 26 de novembro de 2008

Saio de casa às 14h30min, na Avenida Venâncio Aires, Bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre e me encaminho para o corredor de ônibus na Avenida João Pessoa. Embarco no que diz na frente, em letras garrafais: RODOVIÁRIA. em menos de dez minutos desembarco em frente ao terminal rodoviário (Rodoviária Central de Porto Alegre).

Sol forte, calor intenso. As primeiras impressões vêm pelas narinas: um cheiro forte de urina misturado ao de fritura. Lá dentro, umbigos, pernas e pés à mostra. Pessoas cansadas. Um carrinho elétrico branco com o logotipo da empresa Veppo passa conduzindo uma senhora com ares de triunfo ao lado da sua bengala de madeira escura. Impressiono-me com a limpeza do chão de basalto encerado. Brilha. Não há um único papel, bagana de cigarro, farelo de bolacha ou lata de refrigerante no chão. Nada. Circulo um pouco para sentir o clima.

Logo descubro que o banho (quente ou frio – R$ 6,25) custa quase o mesmo que um a la minuta no Asteca Lanches (R$ 6,99) , mas que é possível mandar um PF (prato feito) por menos que um banho (R$ 4,99) logo ali ao lado, no concorrente mais próximo. Para usar o banheiro para qualquer outra coisa (R$ 1,25) que não seja o banho, é preciso desembolsar quase o mesmo que um risole de carne ou frango (R$ 1,50). Mas há banheiros gratuitos também (sem banho). Fico pensando que os hábitos de higiene, necessidades básicas e alimentação são responsáveis por boa parte da circulação de moedas de baixo valor na cidade (ou não).

Depois de percorrer vagarosamente duas vezes a área total da rodoviária, resolvo aportar no Snack Lanches, em frente à livraria e tabacaria Mundial. Peço um café preto e uma água mineral sem gás, abro meu livro/caderno/agenda de capa preta, destampo a Bic e sigo a escrever.

De vez em quando levanto os olhos em direção a porta ou a janela lateral, observo por segundos os transeuntes, e as idéias fluem sem parar.

Capto pedaços de conversas e pequenas situações que vão virando texto rapidamente. Algumas pessoas se transformam em personagens no ato. O “Livro amarelo do terminal” sobre a mesa.

Compro um chapéu e saio de lá passando um pouco das seis horas da tarde. O pulso cansado, o caderno cheio, a alma leve. Resolvo caminhar até em casa. Bendita rodoviária, penso. Bendita Vanessa Barbara.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Tudo começa...

...quando, por motivos particulares, relutando em comprar, porém sugerindo-o para receber de presente (e ganhando-o, por óbvio), começo a ler “O livro amarelo do terminal”, da jornalista, escritora e tradutora Vanessa Barbara. O livro é uma, digamos, “gonzação” sobre o terminal rodoviário do Tietê, em São Paulo (o maior da America Latina). Antes de ultrapassar o primeiro terço do livro, em minha cabeça já fervilha algo se passando dentro de uma rodoviária. A escolhida, por razões práticas, é a Rodoviária de Porto Alegre (incontavelmente menor e infinitamente mais limpa que a descrita pela caríssima senhora Barbara).

Tenho, também, uma outra motivação para iniciar o que irei “meiquinhofar” aqui, no presente blog (mas esta é uma outra história – envolvendo energias extra-terrenas e um presente vindo do além).


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Bem, fato é que, após ter iniciado a leitura de “O livro amarelo do terminal”, no dia 24 de novembro de 2008, uma segunda-feira, quente qual forno em atividade, no dia seguinte lá estou eu, bermuda e camiseta, sentado a uma mesa na praça de alimentação do hipermercado Bourbon Ipiranga, aproveitando o excelente ar-condicionado, surdo para o mundo – preferindo Norah Jones (Not too late) em meu mp4. Abro minha antecipada agenda 2009 (Tilibra) de capa em couro preto, rasgo a embalagem de uma caneta Bic Z4 Roller Black 0,7mm – tinta preta, por óbvio –, recém comprada no interior do mercado especialmente para tanto, e ponho-me a escrever como há muito não fazia – direto no papel.

A idéia inicial é apenas traçar os planos, plantas, mapas e proposições do livro, para só depois, no interior da rodoviária, dar início à história. Mas não é o que ocorre.

Quando encosto a ponta 0,7 da Bic na folha referente ao dia 20 de janeiro de 2009, uma terça-feira (escolhida aleatoriamente), a história de Hector começa a ser escrita (o nome surge na hora também) de forma automática; sem voltar atrás para reler ou rasurar ou acrescentar um sinal de pontuação ou ajeitar as idéias. E o centro de compras com suas gentes circulando, falando, rindo, escolhendo, pedindo, comendo, bebendo, pagando e se indo, transforma-se em uma rodoviária em que Hector aporta para nunca mais sair.